CLUSIACEAE

Clusia aemygdioi Gomes da Silva & B.Weinberg

Como citar:

Eduardo Fernandez; Marta Moraes. 2019. Clusia aemygdioi (CLUSIACEAE). Lista Vermelha da Flora Brasileira: Centro Nacional de Conservação da Flora/ Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

EN

EOO:

5.929,293 Km2

AOO:

60,00 Km2

Endêmica do Brasil:

Sim

Detalhes:

Espécie endêmica do Brasil (Flora do Brasil 2020 em construção, 2019), com ocorrência no estado do ESPÍRITO SANTO, Municípios de Mimoso do Sul (Pintor 113), Santa teresa (Zappi, Costa, Aona & Belinello 444), Alfredo Chaves (Hatschbach 69071), Vargem Alta (Assis, Cribari, Santos & Santos, J.P. 4567), Iúna (Zorzanelli 427), Marilândia (Vervloet 3449), Santa Leopoldina (Demuner 2163), Domingos Martins (Silva 1231), São Bento de Urânia (Hatschbach 69071), Ibitirama (Krieger 23279). As coletas realizadas em Minas Gerais atribuídas ao táxon parecem estar equivocadamente identificadas (L. Marinho, com. pess.).

Avaliação de risco:

Ano de avaliação: 2019
Avaliador: Eduardo Fernandez
Revisor: Marta Moraes
Critério: B1ab(i,iii)+2ab(ii,iii)
Categoria: EN
Justificativa:

Árvore dióica, com indivíduos de até 5 m, endêmica do Brasil (Flora do Brasil 2020 em construção, 2019). Foi documentada em Floresta Ombrófila Densa associada a Mata Atlântica, exclusivamente no estado do Espírito Santo. Apresenta distribuição restrita, EOO=5086 km², AOO=56 km², cinco situações de ameaça e ocorrência em fitofisionomia florestal severamente fragmentada. Os remanescentes de Mata Atlântica no Estado do Espírito Santo correspondem a 10,5% da distribuição original do Bioma no Estado (SOS Mata Atlântica e INPE, 2019). Subsequentes ciclos econômicos, como o da exploração da madeira, da agricultura cafeeira, dos "reflorestamentos" homogêneos (Pinus e Eucalyptus), a incidência de espécies exóticas invasoras representam as maiores ameaças a biodiversidade de plantas do estado (Simonelli e Fraga, 2007). Além disso, a região central do estado, área principal de distribuição do táxon, passou por longo período de atividades agropecuárias, o que resultou no uso regular de fogo e mecanização intensiva das lavouras, resultando em elevado grau de degradação dos solos e, por conseguinte, na decadência sócio-econômica da região, na qual as atividades de uso atual das terras são pastagens degradadas (Gama-Rodrigues e May, 2001). Os municípios de Santa Teresa e Marilândia, por exemplo, converteram 12,3% e 12,9% de seus territórios em pastagens (Lapig, 2019). Na Estação Biológica Santa Lúcia e na Reserva Biológica Augusto Ruschi há indícios de impactos localizados de antigas culturas agrícolas, além da presença constante atualmente de amplos cultivos de café (Mendes e Padovan, 2000). Diante deste cenário, infere-se declínio contínuo em EOO, AOO e extensão e qualidade do hábitat. Assim, C. aemygdioi foi considerada Em Perigo (EN) de extinção novamente. Recomenda-se ações de pesquisa (distribuição, números e tendências populacionais) e conservação (Plano de Ação) urgentes a fim de se garantir sua perpetuação na natureza, uma vez que a persistência dos vetores de stress descritos podem ampliar seu risco de extinção no futuro. De acordo com L. Marinho (com. pess., 2019), a revisão taxônomica do grupo encontra-se em andamento e possivelmente irá ampliar o número de registros de coleta conhecidos.

Último avistamento: 2014
Quantidade de locations: 5
Possivelmente extinta? Não
Severamente fragmentada? Sim
Razão para reavaliação? New information
Justificativa para reavaliação:

A espécie foi avaliada pelo CNCFlora em 2013 (Martinelli e Moraes, 2013) e consta como "Em Perigo" (EN) naPortaria 443 (MMA, 2014), sendo então necessário que tenha seu estado de conservação re-acessado após 5 anos da última avaliação.

Houve mudança de categoria: Não
Histórico:
Ano da valiação Categoria
2012 EN

Perfil da espécie:

Obra princeps:

Espécie descrita em: Bradea, Boletim do Herbarium Bradeanum 4(24): 162. 1985. C. aemygdioi possui folhas obovadas e cartilaginosas, botão floral globoso e imbricado, suas flores são amarelo claro com centro vermelho escuro, sendo caracterizada por ausência de estaminódios na flor masculina, os verticilos férteis são amarelados (Fernandes, 2007).

Valor econômico:

Potencial valor econômico: Desconhecido
Detalhes: Não é conhecido o valor econômico da espécie.

População:

Detalhes: Não existem dados sobre a população. Segundo a obra prínceps da espécie, muitos indivíduos usados para a descrição da nova espécie (em 1985) encontravam-se em área bastante devastada, no entanto haviam muitos indivíduos jovens.

Ecologia:

Substrato: terrestrial
Forma de vida: tree
Longevidade: unkown
Luminosidade: mesophytic
Biomas: Mata Atlântica
Vegetação: Floresta Ombrófila (Floresta Pluvial)
Fitofisionomia: Floresta Ombrófila Densa
Habitats: 1.9 Subtropical/Tropical Moist Montane Forest
Clone: unkown
Rebrotar: unkown
Detalhes: Árvore de mais ou menos 5 m de altura, crescendo em barranco argiloso próximos a córregos (Mata Ciliar) e Floresta Ombrófila Densa Montana e Altomontana (Flora do Brasil 2020 em construção, 2019).
Referências:
  1. Clusia in Flora do Brasil 2020 under construction. Jardim Botânico do Rio de Janeiro.Available at: <http://reflora.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB6831>. Accessed on: 06 May 2019

Reprodução:

Fenologia: flowering (Mar~Mar), flowering (May~May), flowering (Jul~Dec), fruiting (Jan~Mar), fruiting (Jul~Jul), fruiting (Sep~Sep), fruiting (Nov~Dec)

Ameaças (2):

Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.2 Ecosystem degradation 2 Agriculture & aquaculture habitat,occurrence past,present,future local high
Subsequentes ciclos econômicos, como o da exploração da madeira, da agricultura cafeeira, dos "reflorestamentos" homogêneos (Pinus e Eucalyptus), a incidência de espécies exóticas invasoras e sobre-exploração de plantas ornamentais são algumas principais ameaças incidentes sobre a flora do estado (Simonelli e Fraga, 2007). Os remanescentes de Mata Atlântica no Estado do Espírito Santo, correspondem a 10,5% da distribuição original do Bioma no Estado (SOS Mata Atlântica e INPE, 2018).
Referências:
  1. Simonelli, M., Fraga, C. N. (ORG.)., 2007. Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção no Estado do Espírito Santo. Vitória, ES: IPEMA, 144 p.
  2. Fundação SOS Mata Atlântica e INPE, 2018. Atlas dos remanescentes florestais da Mata Atlântica. Período 2016-2017. Relatório Técnico, São Paulo, 63p.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 2 Agriculture & aquaculture habitat,occurrence past,present,future regional very high
A destruição e degradação do habitat é, sem dúvida, a maior causa de perda de biodiversidade no estado. A cobertura vegetal do estado do Espirito Santo, antes praticamente toda recoberta pela Mata Atlântica, tem uma história de devastação cujos registros remontam aos do início de sua colonização. No passado, a Fazenda Muribeca, que abrangia o sul do Espírito Santo e norte do estado do Rio de Janeiro, era considerada a maior propriedade pecuarista do Brasil e se configurava como um importante elemento de interação da fronteira Espírito Santo- Rio de Janeiro, de forma a otimizar um trânsito populacional e financeiro constante na região. Além da pecuária, produzia-se cana-de-açúcar, mandioca e pescados (Plano de Desenvolvimento: Presidente Kennedy, 2018). Segundo a classificação de uso do solo, atualmente o pasto ocupa a maior parte da área dos municípios na região sul do Espírito Santo (SEAMA 2018). A pecuária é extensiva, com a estrutura fundiária concentrada e uso inadequado do solo. Além disso, nesta região o longo período de atividades agropecuárias, o uso regular de fogo e mecanização intensiva resultou em elevado grau de degradação dos solos e, por conseguinte, na decadência sócio-econômica da região, na qual as atividades de uso atual das terras são pastagens degradadas (Gama-Rodrigues e May, 2001). Na REBIO Santa Lúcia há indícios de impactos localizados de antigas culturas agrícolas (Mendes e Padovan, 2000). Segundo os autores, a região de Santa Teresa até o século passado era coberta por floresta nativa. Com a chegada dos europeus e a colônia, foram priorizando outros usos, em especial o cultivo do café. O município de Santa Teresa com 68315 ha tem 12,3% de seu território (8449 ha) transformados em pastagem (Lapig, 2019). Marilândia, também integralmente recoberto por Mata Atlântica, cerca de 11% de florestas nativas persistem (SOS Mata Atlântica INPE, 2018). O municipio de Marilandia com 30902ha tem 12,9% de seu território (4001ha) transformados em pastagens.
Referências:
  1. Plano de Desenvolvimento: Presidente Kennedy. Disponível em <http://www.portocentral.com.br/wp-content/uploads/2018/07/Livro-para-o-site.pdf> Acesso em 04 de dezembro de 2018.
  2. SEAMA - Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, 2018. Atlas da Mata Atlântica do Espírito Santo: 2007-2008/2012-2015. Sossai, m.F. (coord.). Cariacica, ES.
  3. Gama-Rodrigues, A.C., May, P., 2001. Sistemas agroflorestais e o planejamento do uso da terra: Experiência na região norte fluminense, RJ. In: Macêdo, J.L.V., Wandelli, E.V. & Silva Júniro, J.P., orgs. Sistemas agroflorestais: Manejando a biodiversidade e compondo a paisagem rural. Manaus, Embrapa, p.130-136.
  4. Mendes, S.L., Padovan, P., 2000. A Estação Biológica de Santa Lúcia , Santa Teresa, Espírito Santo. Bol. Mus. Biol. MELLO LEITÃO 11/12, 7–34. https://doi.org/10.1016/j.jaridenv.2012.09.013
  5. Lapig, 2019. http://maps.Lapig.iesa.ufg.br/Lapig.html (acesso em 31 de maio 2019).
  6. Fundação SOS Mata Atlântica e INPE, 2018. Atlas dos remanescentes florestais da Mata Atlântica - periodo 2016-2017. Ministério da Ciência e Tecnologia - MCTI. São Paulo, SP.

Ações de conservação (4):

Ação Situação
2.1 Site/area management on going
A espécie ocorre em dois territórios que serão contemplados por Planos de Ação Nacional (PANs) Territoriais, no âmbito do projeto GEF pró-espécies: todos contra a extinção: Território Espírito Santo - 33 (ES)
Ação Situação
5.1.3 Sub-national level on going
A espécie foi considerada "Vulnerável" (VU) segundo a Lista vermelha da flora do Espírito Santo (Simonelli; Fraga, 2007).
Referências:
  1. Simonelli, M., Fraga, C. N. (ORG.)., 2007. Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção no Estado do Espírito Santo. Vitória, ES: IPEMA, 144 p.
Ação Situação
5.1.2 National level on going
A espécie avaliada como "Em Perigo" está incluída no ANEXO I da Lista Nacional Oficial de Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção (MMA, 2014).
Referências:
  1. Ministério do Meio Ambiente (MMA), 2014. Portaria nº 443/2014. Anexo I. Lista Nacional Oficial de Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção. Disponível em: http://dados.gov.br/dataset/portaria_443. Acesso em 14 de abril 2019.
Ação Situação
1.1 Site/area protection on going
A espécie foi coletada nas seguintes Unidades de Conservação: PARQUE NATURAL MUNICIPAL REGO DOS CARRAPATOS; RESERVA BIOLÓGICA AUGUSTO RUSCHI e ESTAÇÃO BIOLÓGICA SANTA LÚCIA.

Ações de conservação (1):

Uso Proveniência Recurso
17. Unknown
Não existem dados sobre usos efetivos ou potenciais.